quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Libras: a língua de sinais dos surdos brasileiros

Que língua é essa que não utiliza sons para se propagar? Como esses movimentos desenhados no ar pelas mãos podem expressar conceitos abstratos? As palavras são soletradas com o alfabeto manual? Essas são algumas das perguntas que nos fazemos quando nos defrontamos com a língua de sinais dos surdos. Na verdade, esse conjunto de “gestos desenhados no ar” estrutura uma língua organizada, que se presta às mesmas funções das línguas orais para as pessoas que ouvem. Libras, sigla utilizada para designar a língua brasileira de sinais (isso mesmo, cada país tem sua própria língua, que expressa os elementos culturais daquela comunidade de surdos), foi oficializada pelo governo brasileiro pela Lei Federal n. 10.436/2002 e regulamentada pelo Decreto Federal n. 5626, em 2005.
A Libras é uma língua de modalidade visual-espacial que, diferente das línguas orais-auditivas, utiliza-se da visão para sua apropriação e de elementos corporais e faciais, organizados em movimentos no espaço, para constituir as palavras, ou, como se referem os surdos, os “sinais”. Os sinais podem representar qualquer dado da realidade social, não se reduzindo a um simples sistema de gestos naturais, ou mímica, como pensa a maioria das pessoas. Toda essa riqueza cultural que, infelizmente, ainda é desconhecida pela grande maioria das pessoas, traz uma nova compreensão das pessoas surdas como integrantes de uma minoria lingüística, tal como ocorre com comunidades indígenas e de imigrantes.

Por: SUELI FERNANDES, a mesma autora da matéria seguinte


Libras pode integrar o currículo escolar em 2009

Em dezembro de 2008, estive em Brasília, integrando uma comissão que analisa Projeto de Lei do Senado nº 14/07, de Cristovam Buarque (PDT-DF), que trata do ensino da Língua Brasileira de Sinais – Libras nas escolas da Educação Básica.
Caso seja aprovado pelos senadores, em votação no próximo dia 03 de fevereiro, a Libras passará a integrar, obrigatoriamente, a parte diversificada do currículo das escolas em que estiverem matriculados alunos surdos, como componente curricular, na educação infantil, e como disciplina nos primeiros anos do ensino fundamental. Como essa proposição alterará o Art. 26 da LDB 9394/96, os sistemas de ensino terão prazo de três anos para se adequar à legislação.
Se aprovada a mudança na LDB, daremos os primeiros passos para organização de comunidades bilíngües, em que, progressivamente, cada vez um número maior de pessoas serão capazes de se comunicar por meio da Libras, ampliando as possibilidades de interação, aprendizagem e participação social das crianças surdas, em igualdade de condições aos demais alunos.
Vamos torcer!
Sueli Fernandes – Professora do Setor de Educação da UFPR e Assessora técnico-pedagógica do DEEIN/SEED-PR.

Profa. Sueli, em pé, com o grupo de trabalho em Brasília.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Acordo também muda escrita em braile

Folha de S. Paulo - Ricardo Westin 19.1.2009

Os brasileiros que não enxergam também têm suas dúvidas nos acentosque caíram e nos hífens que apareceram ou desapareceram na virada doano, quando as regras impostas pelo Acordo Ortográfico entraram emvigor no país.Tudo o que mudou no português escrito mudou da mesmíssima maneira noportuguês convertido em braile, o sistema tátil usado por cegos domundo inteiro para ler e escrever."Todos nós memorizamos as palavras na grafia antiga. Agora precisamosreconstruí-las na memória com a grafia nova. A diferença é que vocêsfazem isso com os olhos e nós [cegos], com os dedos", explica Maria daGlória Almeida, chefe-de-gabinete do Instituto Benjamin Constant, noRio, dedicado às pessoas com deficiência visual.O Acordo Ortográfico tem impacto no braile porque as palavras dessesistema também são escritas letra a letra. Uma letra tem até seispontinhos em alto relevo. Cada uma se forma com um número e umadisposição própria de pontinhos.Os acentos e o trema mudam esse arranjo. O dedo treinado de um cegosente a diferença entre "ü" e"u" e entre "a" e "á".Se "microonda" agora é "micro-onda" , a mesma palavra no braile deixade ter nove caracteres salientes e passa a ter dez -o hífen têm seuspontinhos característicos.As mudanças ortográficas haviam sido definidas em 1990 por países quetêm o português como língua oficial. O objetivo do Acordo, agoracolocado em prática no Brasil, era unificar a escrita do português etorná-lo mais forte no cenário mundial.Nas escolasSegundo a Organização Mundial da Saúde, 0,5% da população do planetanão enxerga. O Brasil teria, por essa conta, 950 mil cegos -oequivalente aos moradores de Cuiabá e Florianópolis somados.As escolas brasileiras têm, de acordo com o Ministério da Educação,pouco mais de 8.600 alunos cegos, a maioria deles nas mesmas salas decrianças e adolescentes que enxergam.As lições de braile são dadas fora do horário regular de aula enormalmente vão até a 4ª série, época em que as crianças já conseguemdominar o sistema."As nossas preocupações agora são orientar os professores e garantirque a produção dos livros didáticos em braile esteja compatível com anova grafia", afirma Martinha Clarete Dutra, que responde, noMinistério da Educação, pelas políticas de inclusão.Martinha é cega. "Apesar de lidar com esse tema todo dia, ainda mepego escrevendo na grafia anterior. Estamos tão habituados.. . Sódepois lembro que aquele acento não existe mais", ela conta.Por enquanto, não está errado escrever na forma antiga. Até dezembrode 2012, as grafias novas terão de conviver com as velhas -será umperíodo de transição. A partir de 2013, porém, só serão aceitas comocorretas as novas regras.A língua dos sinais, usada pelos surdos, não foi afetada pelo Acordo,já que cada gesto normalmente representa uma palavra inteira.Disponível em: www.abrelivros. org.br/abrelivro s/texto.asp?

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Continuação: Desenvolver a Educação Inclusiva

... Mas não parece ser esta, certamente, a solução. Não é a simples aquisição de mais conhecimento de índole teórica que fará o professor mais capaz de responder aos numerosos desafios que enfrenta. Isto porque dado o caráter multifacetado e autonômico da profissão de professor, esta implica em modelos diversificados de formação, modelos que não se podem centrar na simples aquisição de saberes teóricos.
Deve-se, assim, proporcionar ao professor um conjunto de experiências que não só lhe revelem novas perspectivas teóricas sobre o conhecimento (perspectiva acadêmica), mas que também permitam aplicar estes conhecimentos num contexto real (perspectiva profissional).
Este caráter autonômico refere-se ao professor como "gestor local do currículo" (CAMPOS, 2000), salientando que o professor não é um técnico (no sentido em que aplica "técnicas" adeuadas) nem um funcionário (no sentido em que executa estritamente indicações oriundas de uma cadeia hierárquica em que integra).

continuo em outro dia...

domingo, 18 de janeiro de 2009

Desenvolver a educação inclusiva

Quero aproveitar a última revista INCLUSÃO (V. 4, N.2 ), com um artigo de David Rodrigues (p. 7) e fazer aqui, uma síntese do que este professor escreve sobre a educação inclusiva. Como meus espaços são "curtos", vou desmembrar a síntese em vários "entradas".

A introdução é sobre a formação dos professores: ...encontra-se, hoje, em profundas mudanças tanto do ponto de vista de conceitos e valores como de práticas. A este fato, não é estranho que as competências que se esperam que o professor domine se revelem cada vez mais complexas e diversificadas. Espera-se que o professor seja competente num largo espectro de domínios que vão desde o conhecimento científico do que ensina à sua aplicação psicopedagógica, bem como em metodologias de ensino, de animação de grupos, atenção à diversidade etc. Isto sem considerar as grandes expectativas que existem sobre o que o professor deve promover no âmbito educacional mais geral, tal como a educação para a cidadania, educação cívica, sexual, comunitária, entre outras. Alguns autores têm, por isso, denominado a missão do professor na escola contemporânea como uma "missão impossível" (BEN-PERETZ, 2001).


continuo a matéria na próxima "entrada", até amanhã.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Querida Senhorita Lonelyhearts:

Tenho 16 anos e não sei com agir. Gostaria muito que a senhora me aconselhasse. Quando eu era criança não era muito ruim poque me acostumei com os meninos do quarteirão que caçoavam de mim, mas agora eu gostaria de ter namorados como as outras meninas e sair nas noites de sábado, mas nenhum rapaz sairá comigo porque nasci sem nariz - embora eu dance bem, tenha um tipo bonito e meu pai compre lindas roupas.
Passo o dia inteiro sentada, me olhando e chorando. Tenho um grande buraco no meio do meu rosto que amedronta as pessoas e a mim mesma, e não posso, portanto, culpar os rapazes por não quererem sair comigo. Minha mãe me ama muito, mas chora muito quando olha para mim.
Que fiz eu paa merecer um destino tão terrível? Mesmo que tivesse feito algumas coisas ruins, não as fiz antes de ter um ano de idade, e eu nasci assim. Perguntei a papai e ele disse que não sabe, mas que pode ser que eu tenha feito algo no outro mundo, antes de nascer, ou que eu esteja sendo punida pelos pecados dele. Não acredito nisto porque ele é um homem muito bom.
Devo me suicidar?

Sinceramente,
Desesperada.

(Extraído de Miss Lonelyhearts, de Nathanael West, pp. 14-15. Copyright 1962 por New Directions )

"Vitor de Ayvaron" o menino lobo


segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Detecção dos transtornos invasivos na criança: perspectiva das mães

O resumo do artigo abaixo são das autoras: Maria Rita Braga e Lazslo A. Ávila.
Revista Latino Am Enfermagem, 2004, nov/dez; 12(6):884-9


Os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento se caracterizam por alterações presentes desde idades precoces e se nas áreas de desenvolvimento da comunicação, comportamento e relação interpessoal. O objetivo do estudo foi apreender, através da perspectiva materna, como se deu o processo de detecção desses transtornos. Para tanto, realizou-se um estudo quanti-qualitativo a partir d eentrevistas semi-estruturada com 20 mães de crianças portadoras desses quadros. A classificação se deu por meio de análise de conteúdo. Os resultados indicaram que o diagnóstico desses transtornos está sendo realizado após a idade preconizada e que os primeiros sinais característicos são percebidos pela família, principalmente, pela mãe. Esses resultados sugerem que os profissionais de saúde infantil parecem não estar sensibilizados para a importânica do efeito acompanhamento de desenvolvimento, o que permitiria a detecção precoce desses desvios, minimizando, assim, seus efeitos negativos presentes e futuros.