quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Câncer e atividade física

Sempre perguntam da minha prática profissional quando exerço a função de reabilitador de pacientes em estados graves, se a função é do Fisioterapeuta ou de Fisiologista do Exercício. Como esse debate é cansativo e os mercados profissionais se protegem por si só, não entro em juízo de valor, se é certo ou errado defender esta ou aquela profissão, prefiro então reabilitar, já que tenho formação nas duas áreas. Uma definição simples de câncer; “crescimento descontrolado e a disseminação desenfreada de células anormais que formam aglomerados celulares de dimensões acima do normal que se tornam tumores”. Pois bem, a atividade física para pacientes com câncer pode ajudar no retorno à independência e a capacidade funcional do paciente. Uma das seqüelas nestes casos é a perda de massa muscular e um baixo nível de energia para a realização de atividades básicas, além é claro, da baixa auto-estima. Este “estrago” pode ser combatido com exercícios físicos orientados e planejados, possibilitando assim um retorno às atividades cotidianas. A quimioterapia e a radioterapia enfraquecem muito qualquer indivíduo, a prostração é o resultado de qualquer tratamento nos casos de câncer. A manutenção e a restauração da função constituem desafios para os que sobrevivem ao câncer mas, para isso a introdução de exercícios físicos pode ser um fato curioso e até certo ponto novo na reabilitação dessa doença trágica. Por outro lado, uma evidência epidemiológica, coisa que não é novidade, demonstra relação inversa significativa entre a quantidade de atividade física ocupacional ou nas horas de lazer e a redução no risco de câncer por todas as causas. Muitos estudos sérios comprovam a eficácia do exercício diário na prevenção de muitas doenças, entre elas o câncer. As dúvidas e as interrogações nestes estudos é a quantidade ideal e o tipo de exercício. O recomendável continuam sendo os exercícios aeróbios, ou seja, quando estamos em atividade de baixo impacto por mais de vinte minutos de duração contínua. Só aqui cabe um grande número de exercícios, por isso a dúvida, assim mesmo, é a única certeza que temos. O mais significativo nestas pesquisas é que existe uma possibilidade de prevenção, claro que não é a única, mas, é a alternativa mais inteligente ; exercício físico planejado.

p.s. os alimentos que contêm flavonóides demonstraram efeito protetor contra o câncer.

CARPE DIEM

"Carpe Diem quam minimum credula postero" (colha o dia, confia o mínimo no amanhã)

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

NÚMEROS QUE ASSUSTAM

Uma matéria da Folha de S.Paulo da semana passada revela uma pesquisa da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) que metade dos brasileiros é sedentária. Estes números aumentam conforme a idade, segundo a Folha. Dos 18 aos 24 anos, 39% dos brasileiros não praticam atividades físicas. Os números assustam mais ainda na medida em que os brasileiros ficam mais velhos, na faixa de idade de 25 a 44 anos, a taxa de sedentarismo é de 53%. No caso dos idosos de 60 a 70 anos os valores são de 57% dos que não fazem nada. Este resultado, que foi debatido no Congresso Brasileiro de Cardiologia na semana passada, prova mais uma vez o que esta coluna discute quase todas as semanas. A necessidade das pessoas, independente da idade, de se mexerem mais, isto porque a grande maioria das doenças deste século são provocadas pelo sedentarismo da população. A mesma matéria também informa que o país mais ativo, ou seja, menos pessoas sedentárias é a Finlândia, com apenas 8% não-adeptas de atividades físicas. Nosso presidente Lula, bem que podia, já que está visitando a Finlândia esta semana, conhecer o modelo que este país adota para fazer o mesmo no Brasil.
Alguns indicativos dessa nossa preguiça, todos já conhecemos, mas, não custa reforçar. Mecanização dos hábitos de vida, controle remoto para tudo, inclusive o uso demasiado do carro. Deixamos de andar em nossas calçadas devido à violência e a arquitetura inapropriada para o passeio à pé. As bicicletas foram esquecidas nas garagens à tempo, nossa cultura do trânsito não permite mais estas “aventuras”. Alguns podem lembrar das ciclovias, mesmo assim para chegar à elas já é um stress, à noite, nem pensar. Por isso, somos empurrados para academias fechadas, que nem sempre atende o interesse do grande público, principalmente pelos preços abusivos. Como nosso prefeito foi lembrado como o mais competente do país, é bom que ele não esqueça destes requisitos para os próximos projetos da cidade. As pessoas se violentam toda vez que são impedidas de se mexer, os carros acabam sendo os motivos do aparecimento de muitas neuroses. Com as ruas, praças e parques “abertos” para a prática de alguma atividade física, a cidade se humaniza, basta uma olhadela na Finlândia.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Piaget e Apraxias

> Relaciona a apraxia sensório-cinética com a Etapa Sensório-Motora

> A Somato-Espacial com a fase intermediária entre o Sensório-motora e a Simbólica (imitação)

> Apraxias de Formulação Simbólica com a etapa caracterizada pelas Representações = figurativo e operativo

Freud dizia

"Festa é excesso permitido, violação solene dos interditos".

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

MARCAPASSO DO ENVELHECIMENTO

Esta é a minha coluna do Jornal do Estado desta semana


Envelhecer com saúde não é para todos, envelhecer sim, empurram-nos para esta idade conhecida como plena (do quê?). A cada ano aparecem novos estudos confirmando o que precisamos fazer para envelhecer com, digamos assim, saúde do Oscar Niemeyer. Pelé também faz parte daquelas pessoas que “parecem que não envelhecem”. Uma coisa é certa e, não podemos esquecer; hipófise, pâncreas, supra-renal e tireóide, modifica-se com a idade. Segundo alguns estudos, 40% dos indivíduos com 65 a 75 anos de idade e de 50% daqueles com mais de oitenta anos exibem uma tolerância à glicose deteriorada que resulta em diabetes tipo 2. Em outras palavras, essa é a forma mais comum dessa doença e, pior, muitos destes casos não são diagnosticados. Estas evidências não podem ser determinantes, caso contrário estaríamos, todos, sujeitos a morrer depois de comer uma sobremesa ou um churrasco de final de semana. Com exceção da predisposição genética e dos possíveis efeitos do próprio envelhecimento, a maior incidência na maioridade relaciona-se a dietas desbalanceadas, atividade física irregular e inadequada e, lógico, maior quantidade de gordura corporal, principalmente na região visceral-abdominal. Nesta lógica, as mulheres já fazem parte deste cálculo, do envelhecimento precoce e doentio, coisa que há pouco tempo estava longe destas estatísticas. Somado a isto, ou seja, aos problemas hormonais, temos uma redução de massa muscular e óssea de 10% a cada década depois dos trinta anos. Lógico que não são todos que vão perder esta quantidade de músculo e osso, apenas os “largados”, os que realmente não gostam de se mexer. Millôr, um dia escreveu sobre caminhada “é o que as pessoas fazem quando saem do carro e vão até o elevador”. Estas regras podem ser rompidas quando mantemos o corpo em movimento, a andropausa masculina e a menopausa não significam apenas diminuição do metabolismo, mas sim, sinais de novos tempos. Como não conheço o Oscar Niemeyer nem o Pelé pessoalmente, acredito que, além de tudo isso, eles se reinventaram, descobriram uma novo projeto de vida. Talvez isso seja um bom exemplo para os mais velhos, novos desafios. E que venham.